A Erosão e seus agentes-01
Erosão é o conjunto
de processos que promovem a retirada e transporte do material produzido pelo
intemperismo, ocasionando o desgaste do relevo. Seus principais agentes são a
água, o vento e o gelo.
O material
transportado recebe o nome de sedimento e vai dar origem aos depósitos
sedimentares que, através da diagênese, transformam-se em rochas sedimentares.
Chama-se de diagênese um conjunto de transformações que, em resumo, consistem
em compactação e cimentação dos sedimentos, dando-lhes a consistência de uma
rocha.
A erosão é
importante por ser responsável pela perda anual de milhões de toneladas de solo
fértil, devida principalmente a práticas equivocadas de ocupação e manejo do
solo. Essa perda é praticamente irrecuperável, pois exige muito tempo para ser
realizada.
A erosão pode ser
de vários tipos, conforme o agente que atua:
Erosão pluvial
É aquela provocada
pela água das chuvas. Como foi dito, a água é um dos principais agentes
erosivos. Sua ação é lenta, mas pode ser acelerada quando ela encontra o solo
desprovido de vegetação, como nas áreas desmatadas.
Se o terreno tem
muita vegetação, o impacto da chuva é atenuado porque a as plantas diminuem a
velocidade da água que escorre pelo solo. As raízes, por sua, vez, dão mais
resistência à estrutura do solo e aquelas já mortas funcionam como canais,
favorecendo a infiltração da água.
Sem vegetação, o
solo fica saturado em água mais rapidamente e, como consequência, ela passa a
fluir pela superfície, deixando de se infiltrar. Tudo isso fica agravado se o
solo for arenoso, e não argiloso.
A primeira ação da
água é através do salpicamento, que é a desagregação dos torrões e agregados do
solo pelo impacto dos pingos de chuva. Esse impacto provoca também a selagem,
uma obstrução dos poros do solo pelo material mais fino, o que resulta numa
redução da infiltração e consequente aumento do fluxo de água superficial.
Erosão pluvial Ravinas no vulcão
Bromo, ilha de Java Fonte: G1
O fluxo de
água pela superfície leva à formação de ravinas, como na imagem acima, e quanto
mais água houver, mais acelerado será o ravinamento, de modo que ele aumenta à
medida que a água avança morro abaixo.
Outro tipo de
erosão pluvial é a erosão remontante, que abre, no solo, sulcos que podem
atingir grandes dimensões e que crescem morro acima (daí o nome), ao contrário
do ravinamento. Esses sulcos recebem o nome de boçorocas (ou voçorocas) e
começam a se formar quando o ravinamento atinge o lençol freático. Daí em
diante, progridem de modo muito difícil de controlar, pois não mais dependem da
ocorrência de chuvas para aumentar de tamanho.
Erosão fluvial
É aquela causada
por rios, perenes ou temporários. É semelhante à erosão pluvial, mas em escala
maior e em regime permanente ou pelo menos mais prolongado que a erosão pluvial
Erosão fluvial Grand Canyon, Colorado
(EUA)
Erosão marinha
(abrasão)
A água do mar
provoca erosão através da ação das ondas, das correntes marítimas, das marés e
das correntes de turbidez. Seu trabalho é reforçado pela presença de areia e
silte em suspensão. A cidade de Olinda, em Pernambuco, é um local em que a
erosão marinha tem agido de modo preocupante, com o mar avançando sobre a
cidade.
Erosão marinha La Portada, Chile
Fonte: wikipedia commons
As correntes
marinhas transportam grandes volumes de sedimentos de uma área para a outra. A
ação das correntes de turbidez não é percebida, porque elas atuam entre a
plataforma continental e o talude continental.
Erosão glacial
É a erosão
provocada pelas geleiras (também chamadas de glaciares). A água que se acumula
nas cavidades das rochas no verão, congela quando chega o inverno, sofrendo
dilatação. Isso pressiona as paredes dos poros, rompendo a rocha. A cada ano, o
processo se repete, desagregando, aos poucos, a rocha.
Essas massas de
gelo deslocam-se muito lentamente, mas têm uma enorme capacidade de transporte,
podendo carregar blocos de rocha do tamanho de uma casa. Quando derretem, geram
depósitos sedimentares muito heterogêneos, chamados de morenas ou morainas.
Erosão eólica
É aquela decorrente
da ação do vento. Ocorre em regiões áridas e secas, onde existe areia solta,
capaz de ser transportada pelo vento, que a joga contra as rochas,
desgastando-as e dando origem, muitas vezes, a formas bizarras, como se vê na
figura abaixo:
Erosão eólica no Salar de Uyuni
(Bolívia) Fonte: Wikipedia Commons
Ao contrário do que
pensam muitas pessoas, não foi a erosão eólica, e sim a chuva, que formou as
estranhas feições que tanto atraem os turistas em Vila Velha, no Paraná.
Outra feição típica
do ambiente desértico são os ventifactos, blocos de rocha de tamanhos variados
que aparecem soltos no chão e que exibem faces planas formadas pelo impacto
contínuo da areia. Eles são úteis porque a posição dessas faces indica a
direção preferencial dos ventos no local.
Os grãos de areia
podem ser levados a distâncias enormes por suspensão e já se constatou a
presença de areias provenientes da África na Amazônia brasileira. A suspensão
forma grandes depósitos arenosos, chamados de loess e é responsável também
pelas tempestades de areia.
Erosão antrópica
É a erosão causada
pela ação do ser humano. Em geral não tem grande influência, por que sua ação é
de duração muito curta, Mas, nossa capacidade de remover grandes massas de
terra ou de rocha é cada vez maior e a erosão antrópica tende a ser cada vez
mais significativa.
O plantio sem levar
em conta o regime de escoamento das águas naturais, pode provocar ravinamento e
formação de boçorocas. A ocupação de áreas impróprias para a construção de moradias,
como morros de alta declividade, gera escorregamentos de solo, com danos
materiais e mortes. A impermeabilização de superfícies, como a pavimentação de
ruas, impede que a água da chuva se infiltre e favorece as inundações em áreas
urbanas.
Deve-se ter em mente também
que a ação humana, embora de pequena expressão, pode ser o início de um grande
processo erosivo. Assim, o desmatamento na Amazônia pode facilmente levar a
área desmatada a uma desertificação, porque o solo daquela região é muito
arenoso e pouco espesso. A vegetação só é exuberante porque se desenvolve sobre
restos orgânicos da própria mata, e eles desaparecem rapidamente quando há o
desmatamento
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