Proteger o Paraíba custa R$ 1 bi
Trecho do rio Paraíba, cuja bacia enfrenta a pior seca dos últimos 50 anos. Foto: Michael Martins
Valor se refere ao custo para restaurar vegetação ribeirinha ao longo dos próximos 20 anos, segundo cálculos da ONG Instituto Terra de Preservação Ambiental; total seria dividido por São Paulo, Rio e Minas
Xandu AlvesSão José dos Campos
O rio Paraíba do Sul é o mais importante para a região, batizada com seu nome. Sozinho, ele é responsável pelo fornecimento de 3.547,81 litros de água por segundo, 40,52% da produção total de 8.755,34 l/s nas 39 cidades da região.
Nove municípios captam água no leito do rio. Quatro deles têm no Paraíba a única fonte de fornecimento de água: Aparecida, Paraibuna, Pindamonhangaba e Santa Branca. Em São José dos Campos, 74% da água vêm do rio, o restante de poços artesianos e um mínimo do rio das Couves.
“É o nosso maior patrimônio. Se o perdermos, a região dará adeus ao seu sustento e desenvolvimento”, afirma o engenheiro agrônomo Juarez Domingues de Vasconcelos, secretário de Meio Ambiente de Igaratá.
Coordenador do grupo técnico do CBH-PS (Comitê das Bacias Hidrográficas do Rio Paraíba do Sul) que analisa a proposta do Estado de tirar água da bacia do Paraíba para abastecer a Grande São Paulo, Vasconcelos defende que o rio seja alvo de intensa campanha por sua recuperação, mas não apenas da boca para fora.
“Está na hora de investir em ações concretas. Há coisas acontecendo, como a melhora da qualidade da água, mas ainda há muito que fazer”, diz ele.
Vegetação. Uma das principais necessidades da bacia é recuperar a mata ciliar, como é chamada a vegetação ribeirinha, aquela que ocorre nas margens de rios e serve como protetora de nascentes e do rio.
Levantamento da Agevap (Associação Pró-gestão das Águas da Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul) mostra que o déficit de cobertura de vegetal é de 583,07 mil hectares na bacia para cumprir o que determina o Código Florestal. O tamanho é equivalente a 70 vezes o Parque Estadual de Campos do Jordão.
O custo para restaurar toda essa área, segundo cálculos da ONG Instituto Terra de Preservação Ambiental, é de R$ 1,06 bilhão até 2035, média de R$ 53 milhões por ano, valor a ser dividido por São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais.
“Houve conversa com os governadores para recompor as matas ciliares da bacia do Paraíba, obras de saneamento e um conjunto de obras positivas”, disse o governador Geraldo Alckmin (PSDB), após audiência no STF (Supremo Tribunal Federal) na última quinta-feira, que selou pacto entre os três Estados para a transposição do rio Paraíba.
Seca. Poucos conhecem o rio Paraíba como José Ramos, 68 anos, 46 deles vivendo às margens do rio, dependendo dele para alimentar a família.
Descendente de pescadores, o aposentado de São José, que mora nos fundos do distrito de Eugênio de Melo, para diante do leito do rio, no final da tarde, e se lembra da infância. “Nadava todos os dias no rio. Hoje já não dá mais, está poluído”.
Embora venha sentido uma melhora na qualidade da água, por causa da volta de algumas espécies de peixe, Ramos garante que o rio está ficando mais seco. “Há 20 anos, ele enchia mais no verão. Dá medo de pensar que um dia ele possa morrer.”
O rio Paraíba do Sul é o mais importante para a região, batizada com seu nome. Sozinho, ele é responsável pelo fornecimento de 3.547,81 litros de água por segundo, 40,52% da produção total de 8.755,34 l/s nas 39 cidades da região.
Nove municípios captam água no leito do rio. Quatro deles têm no Paraíba a única fonte de fornecimento de água: Aparecida, Paraibuna, Pindamonhangaba e Santa Branca. Em São José dos Campos, 74% da água vêm do rio, o restante de poços artesianos e um mínimo do rio das Couves.
“É o nosso maior patrimônio. Se o perdermos, a região dará adeus ao seu sustento e desenvolvimento”, afirma o engenheiro agrônomo Juarez Domingues de Vasconcelos, secretário de Meio Ambiente de Igaratá.
Coordenador do grupo técnico do CBH-PS (Comitê das Bacias Hidrográficas do Rio Paraíba do Sul) que analisa a proposta do Estado de tirar água da bacia do Paraíba para abastecer a Grande São Paulo, Vasconcelos defende que o rio seja alvo de intensa campanha por sua recuperação, mas não apenas da boca para fora.
“Está na hora de investir em ações concretas. Há coisas acontecendo, como a melhora da qualidade da água, mas ainda há muito que fazer”, diz ele.
Vegetação. Uma das principais necessidades da bacia é recuperar a mata ciliar, como é chamada a vegetação ribeirinha, aquela que ocorre nas margens de rios e serve como protetora de nascentes e do rio.
Levantamento da Agevap (Associação Pró-gestão das Águas da Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul) mostra que o déficit de cobertura de vegetal é de 583,07 mil hectares na bacia para cumprir o que determina o Código Florestal. O tamanho é equivalente a 70 vezes o Parque Estadual de Campos do Jordão.
O custo para restaurar toda essa área, segundo cálculos da ONG Instituto Terra de Preservação Ambiental, é de R$ 1,06 bilhão até 2035, média de R$ 53 milhões por ano, valor a ser dividido por São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais.
“Houve conversa com os governadores para recompor as matas ciliares da bacia do Paraíba, obras de saneamento e um conjunto de obras positivas”, disse o governador Geraldo Alckmin (PSDB), após audiência no STF (Supremo Tribunal Federal) na última quinta-feira, que selou pacto entre os três Estados para a transposição do rio Paraíba.
Seca. Poucos conhecem o rio Paraíba como José Ramos, 68 anos, 46 deles vivendo às margens do rio, dependendo dele para alimentar a família.
Descendente de pescadores, o aposentado de São José, que mora nos fundos do distrito de Eugênio de Melo, para diante do leito do rio, no final da tarde, e se lembra da infância. “Nadava todos os dias no rio. Hoje já não dá mais, está poluído”.
Embora venha sentido uma melhora na qualidade da água, por causa da volta de algumas espécies de peixe, Ramos garante que o rio está ficando mais seco. “Há 20 anos, ele enchia mais no verão. Dá medo de pensar que um dia ele possa morrer.”
Sabesp já estuda tirar sal de água do mar
São José dos Campos
A imensidão do mar no Litoral Norte é uma das paisagens mais bonitas do país. No verão, as quatro cidades saltam de 305 mil habitantes para até 1,5 milhão com os turistas.
Um dos principais desafios é garantir o abastecimento de água. Para tanto, a Sabesp dimensiona o sistema de forma a atender ambas as demandas e projeta o futuro planejando tirar água do mar.
“Estamos pensando nisso”, confirma o superintendente da empresa no Litoral Norte, José Bosco Fernandes de Castro. “Há estudo em desenvolvimento sobre a dessalinização da água marinha”.
Em evolução nas últimas décadas, principalmente em lugares como Israel e Singapura, a tecnologia ainda é cara, mas as técnicas de tirar sal da água estão em evolução.
“São muitas exigências técnicas que encarecem o processo, mas a tendência é de barateamento”, disse o executivo.
Para se ter uma ideia, a instalação de uma estação de tratamento de água convencional custa, em média, R$ 25 milhões para produzir 1.000 litros por segundo. Uma estação de dessalinização para a mesma quantidade salta para R$ 300 milhões.
“Esse custo já foi o dobro. Portanto, é uma área que atrai nossos estudos”, diz Castro.
São José dos Campos
A imensidão do mar no Litoral Norte é uma das paisagens mais bonitas do país. No verão, as quatro cidades saltam de 305 mil habitantes para até 1,5 milhão com os turistas.
Um dos principais desafios é garantir o abastecimento de água. Para tanto, a Sabesp dimensiona o sistema de forma a atender ambas as demandas e projeta o futuro planejando tirar água do mar.
“Estamos pensando nisso”, confirma o superintendente da empresa no Litoral Norte, José Bosco Fernandes de Castro. “Há estudo em desenvolvimento sobre a dessalinização da água marinha”.
Em evolução nas últimas décadas, principalmente em lugares como Israel e Singapura, a tecnologia ainda é cara, mas as técnicas de tirar sal da água estão em evolução.
“São muitas exigências técnicas que encarecem o processo, mas a tendência é de barateamento”, disse o executivo.
Para se ter uma ideia, a instalação de uma estação de tratamento de água convencional custa, em média, R$ 25 milhões para produzir 1.000 litros por segundo. Uma estação de dessalinização para a mesma quantidade salta para R$ 300 milhões.
“Esse custo já foi o dobro. Portanto, é uma área que atrai nossos estudos”, diz Castro.
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