quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

A CRISE DA ÁGUA DEIXA EMPRESAS DA RMVL EM ALERTA.

Crise da água em SP deixa empresas do Vale em alerta

Trecho do rio Paraíba, cuja bacia enfrenta a pior seca dos últimos 50 anos. Foto: Michael Martins
Trecho do rio Paraíba, cuja bacia enfrenta a pior seca dos últimos 50 anos. Foto: Michael Martins
Relatório do Ceivap mostra que cerca de 200 empresas da RMVale dependem diretamente da água da bacia do rio Paraíba do Sul; orientação é para redução no consumo e adoção de tecnologias de reúso
Xandu AlvesSão José dos Campos
A crise hídrica ameaça a produção de empresas na região, principalmente as que dependem de água para o processo produtivo, para resfriamento, caldeiras, irrigação, lavagens e construção civil.
De acordo com a Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), a falta de água na Grande São Paulo e na região de Campinas, que concentram 60% do PIB industrial do Estado, pode afetar 60 mil empresas. Ainda não há dados consolidados sobre a RMVale, mas a intensidade da crise causa apreensão no setor. "Não é difícil imaginar o que a escassez de água pode representar para a atividade econômica na região", disse, em nota, Nelson Pereira dos Reis, diretor de Meio Ambiente da Fiesp.
Segundo a Secretaria de Estado de Saneamento e Recursos Hídricos, metade da água consumida na região é usada para abastecimento humano. O restante é dividido entre irrigação (25%), indústria (20%), rural (4%) e outros (1%).
No ano passado, a região consumiu 5.452,46 litros de água por segundo, o que dá 471 milhões de litros por dia. Desse total, cerca de 94 milhões de litros de água foram usados diariamente pelas indústrias.
Relatório do Ceivap (Comitê de Integração da Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul) mostra que há na região cerca de 200 empresas que dependem da água da bacia do rio Paraíba. A maior parte está concentrada ao longo da calha do rio. "Ainda não registramos falta de água na indústria, mas o setor está bastante preocupado", afirmou Almir Fernandes, diretor da regional de São José do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo).
O assunto vem sendo tratado em reuniões da entidade.

Dicas. A orientação é de que o setor economize água o máximo que puder, além de investir em sistemas que reutilizem a água, tanto de processos industriais como da chuva.
"Mas se houver corte de fornecimento de água, aí poderá afetar a produção e, por consequência, o mercado de trabalho", alertou Fernandes.
Reis disse que demissões não estão nos planos em curto prazo. "A última coisa que a indústria quer fazer é reduzir os postos de trabalho. A gente espera que isso seja temporário", disse.
E não só o emprego estará em jogo, mas a eficiência da indústria na região. "Com a crise hídrica, as indústrias precisarão alterar hábitos e procedimentos e isso afetará competitividade, produtividade e lucro", afirmou Reis.

Clima. Ao falar sobre a crise hídrica, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), afirmou ontem que as "mudanças climáticas vieram para ficar". O governador frisou, no entanto, que a escassez de água não ocorre em todo o Estado. Ele afirmou ainda que não há, nos municípios operados pela Sabesp, nenhum em racionamento.

Reservatórios
Paraibuna
- 0,23%

Santa Branca
- 3,37%

Jaguari1,93%

Funil6,63%

Reservatório equivalente

0,90%

Empresário defende oportunidades de negócios
São José dos Campos
O empresário Jeremias Lunardelli, que atua no segmento imobiliário na região, quer fazer da seca uma oportunidade de trazer negócios para a RMVale.
Ele acredita que a região tem possibilidade de atrair empresas de médio e grande porte em razão da disponibilidade hídrica melhor do que outras regiões do Estado, como Campinas, Piracicaba e Itu.
Para tanto, ele defende que haja um movimento na região por um plano de uso responsável e sustentável dos recursos hídricos, uma espécie de planejamento regional em torno da água que contemple todos os setores da sociedade.
"Num raio de 150 quilômetros a partir de São Paulo, o Vale é a única região que ainda tem água disponível. Isso pode representar uma oportunidade de a região se organizar e atrair novos investimentos. Há muitas vantagens a serem exploradas."

Ocupação. Lunardelli sustenta que as cidades entre Jacareí e Taubaté, que concentram grande parte das maiores indústrias da região, tenham um plano de ocupação industrial de forma integrada. "Olhando para essa região, percebemos uma oportunidade ímpar de o Vale se organizar e destacar-se na atração de indústrias."
Além dos empresários e governantes, Lunardelli defende o envolvimento da população nessa discussão. "O consumo responsável de água deve ser partilhado por todos".

Nenhum comentário:

Postar um comentário