sexta-feira, 5 de fevereiro de 2021

Chuvas elevam nível dos reservatórios de SP, mas índices são piores desde 2016

 

Chuvas elevam nível dos reservatórios de SP, mas índices são piores desde 2016


Murillo Ferrari, da CNN, em São Paulo
23 de janeiro de 2021 às 05:00 | Atualizado 23 de janeiro de 2021 às 09:01

    Chuvas elevaram volume dos reservatórios de SP, mas níveis ainda estão baixos
Chuvas elevaram volume dos reservatórios de água de SP, mas níveis ainda estão baixos
Foto: Divulgação/Sabesp

Pouco mais de um mês após registrar os piores índices desde o fim da crise hídrica, o nível nos reservatórios de água que abastecem as cidades da Região Metropolitana de São Paulo voltou a subir com as chuvas registradas em dezembro e no começo de janeiro.

É preciso manter, porém, o consumo consciente de água já que o volume de Cantareira, principal reservatório do sistema, ainda está na faixa de atenção, segundo a classificação da Agência Nacional de Águas (ANA) e o Departamento de Águas e Energia Elétrica do Estado de São Paulo (DAEE) – que determina as condições de operação do sistema. 

Até a manhã de sexta-feira (22), de acordo com a Sabesp (companhia de Saneamento de SP), o volume total armazenado nos reservatórios era de 52,2%. No Cantareira, esse índice era de 42,1% – há duas semana, o reservatório estava com 36,8% de sua capacidade.

Em comparação com anos anteriores, tanto o volume total quanto o do Cantareira apresentam os piores índices desde 2016.

Há um ano, os volumes estavam em 62% no sistema e 44% no Cantareira. Em 2019, eram 50,6% e 41,5%, respectivamente; em 2018, os mananciais estavam com 52,3% e seu principal reservatório estava com 45,2%; por fim, em 2017, os números eram 52,2% e 47,6%.

Em 2016, o estado de São Paulo começava a se recuperar da crise hídrica iniciada em 2014. Em 13 de janeiro daquele ano, o Cantareira estava com 4% de sua capacidade – após deixar de usar a reserva técnica, conhecida como volume morto – e o sistema todo operava com apenas 25,6% da capacidade.

“Fazendo uma projeção até o final do mês, é possível que o Cantareira feche com cerca de 220 milímetros de chuvas – abaixo da média de 265,1 mm –, o que faria o nível do reservatório subir cerca de 6,5%”, afirmou à CNN o professor do programa de pós-graduação em Ciência Ambiental do Instituto de Energia e Ambiente (IEE) da USP, Pedro Côrtes.

“Se essa projeção de acúmulo se mantiver em fevereiro e março – e não há garantia de que isso vá acontecer – chegaremos ao começo de abril com cerca de 55,7% no Sistema Cantareira”, completou.

Olhando para 2020, em 1º de abril o Cantareira operava com 64,3% de seu volume enquanto o sistema todo – considerando os reservatórios Alto Tietê, Guarapiranga, Cotia, Rio Grande, Rio Claro e São Lourenço – estava com 76,4%.

Ou seja, seria preciso chover muito acima do esperado em todo o período para que o acúmulo de água nas represas fosse suficiente para recompor os volumes de armazenamento.

Ainda de acordo com Côrtes, porém, desde entre 2012 e 2020 o Cantareira teve déficit de chuvas em relação à média história, com destaque para 2014, quando o reservatório recebeu 38% menos chuva do que o esperado.

O único ano positivo foi 2015, quando as represas do sistema fecharam o período anual com um superávit de 5% em relação à média histórica.

Procurada pela CNN sobre a situação atual dos reservatórios de São Paulo, a Sabesp afirmou que não há risco de desabastecimento, agora, na Região Metropolitana de São Paulo, mas reforçou a necessidade do uso consciente da água, evitando desperdícios, em qualquer época do ano.

"Apesar de o volume de chuvas em 2020 ter ficado abaixo da média histórica, melhorou a partir do final de dezembro, o que tem feito o nível dos reservatórios subir", disse a empresa.

"Em relação ao período de estiagem, tudo depende das chuvas. A projeção da Sabesp aponta que os reservatórios chegarão, em abril, com níveis satisfatórios para passar pelo período de estiagem (de maio a setembro)."

A Sabesp destacou ainda que o sistema que abastece a região é integrado e composto por sete mananciais que permitem "transferências de forma rotineira entre os sistemas produtores para abastecer diferentes regiões, consequentemente, dando mais segurança ao abastecimento".

"Isso é possível atualmente porque obras foram realizadas desde a crise hídrica de 2014, com destaque para a Interligação Jaguari-Atibainha (que traz água da bacia do Rio Paraíba do Sul para o Sistema Cantareira) e a entrada em operação do Sistema São Lourenço, juntas,  agregaram 445 bilhões de litros de água."

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