Ligação entre bacias sai em 14 meses
iG Paulista - 13/01/2015 - 05h00 |
Maria Teresa Costa | teresa@rac.com.br
Maria Teresa Costa | teresa@rac.com.br
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Obra consistirá na construção de uma adutora para ligar a represa Jaguari à represa Atibainha
Obra consistirá na construção de uma adutora para ligar a represa Jaguari à represa Atibainha
O governo do Estado vai abrir licitação este mês para as obras necessárias à interligação das represas do Jaguari, na bacia do Paraíba do Sul, com a Atibainha, no Sistema Cantareira, para poder aumentar a oferta hídrica em até 5,3 metros cúbicos por segundo (m3/s) ao sistema que abastece municípios da região de Campinas e da Grande São Paulo.
A obra custará R$ 830 milhões e deverá ser concluída em 14 meses — o que significa que o acréscimo de água ao sistema só ocorrerá em 2016.
Alckmin disse, em entrevista ao programa Canal Livre, da Band, na noite de domingo (11), que os acordos com os governos do Rio de Janeiro e de Minas Gerais foram feitos na Justiça.
O acordo foi firmado no ano passado, em uma reunião convocada pelo ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF), que atuou como mediador.
Os governadores se comprometeram a respeitar, nas obras, estudos de impacto ambiental e também a realizar ações de compensação ao meio ambiente, como a recuperação de matas ciliares. Os governadores também concordaram que qualquer obra só poderá ser realizada com a anuência dos três estados.
Todos se comprometeram a entregar a Fux, no dia 28 de fevereiro, um documento com os termos do acordo. Quando isso acontecer, todas as ações judiciais que tratam do tema serão extintas.
A obra consistirá na construção de uma adutora, de cerca de 20 quilômetros de extensão, para ligar a represa Jaguari à represa Atibainha. Existem dois rios Jaguari, um próximo do outro. Um, estadual, é importante afluente do Rio Paraíba do Sul.
Antes de chegar ao Paraíba, ele é represado entre São José dos Campos e Jacareí, alagando áreas também em Igaratá e Santa Isabel.
A obra consistirá na construção de uma adutora, de cerca de 20 quilômetros de extensão, para ligar a represa Jaguari à represa Atibainha. Existem dois rios Jaguari, um próximo do outro. Um, estadual, é importante afluente do Rio Paraíba do Sul.
Antes de chegar ao Paraíba, ele é represado entre São José dos Campos e Jacareí, alagando áreas também em Igaratá e Santa Isabel.
Ali existe uma usina hidrelétrica, subutilizada. É dessa represa que o governo do Estado quer tirar água para abastecer São Paulo.
O outro Rio Jaguari é federal, nasce nos municípios de Sapucaí-Mirim, Camanducaia e Itapeva, em Minas Gerais e é afluente do Rio Piracicaba. Sua represa, na região de Bragança Paulista, é parte do Sistema Cantareira.
Mão dupla
A interligação irá estabelecer uma mão dupla no transporte de água — quando o Cantareira estiver armazenando menos de 35% de sua capacidade será trazida água da Represa Jaguari, e quando estiver acima de 75%, a água será bombeada da Atibainha para a Jaguari.
Mão dupla
A interligação irá estabelecer uma mão dupla no transporte de água — quando o Cantareira estiver armazenando menos de 35% de sua capacidade será trazida água da Represa Jaguari, e quando estiver acima de 75%, a água será bombeada da Atibainha para a Jaguari.
Essa operação, no entanto, enfrenta resistência dos municípios paulistas e fluminenses do Vale do Paraíba, que temem redução da vazão do Rio Paraíba do Sul, que abastece 15 milhões de pessoas.
Logo que a proposta veio a público, as cidades da região do Vale do Paraíba e do Rio de Janeiro fizeram duras críticas ao projeto. O Ministério Público Federal em Campos (RJ), por exemplo, recomendou que o projeto não fosse realizado sem a discussão com todas as regiões afetadas pela medida.
Esse arranjo é um dos que foi elencado no Plano da Macrometrópole, mas que foi abandonado na década passada, por conta do conflito que poderia gerar com o Rio de Janeiro. Uma das alternativas propostas é construir os canais que farão a transposição na faixa de domínio da Rodovia D. Pedro I.
Para o especialista em recursos hídricos Carlos Henrique Maia, a transposição de bacias dificilmente consegue ser feita sem conflitos, mas o ponto para o qual ele chama atenção é que não há garantias que o volume que chegar ao Cantareira (5m3/s) será compartilhado com as Bacias PCJ.
Para o especialista em recursos hídricos Carlos Henrique Maia, a transposição de bacias dificilmente consegue ser feita sem conflitos, mas o ponto para o qual ele chama atenção é que não há garantias que o volume que chegar ao Cantareira (5m3/s) será compartilhado com as Bacias PCJ.
“É uma solução para minimizar os problemas da Grande São Paulo, mas a região de Campinas precisa estar atenta para também receber os benefícios e não ficar apenas com o ônus do conflito”, afirmou.
Volume volta a cair
O volume de água armazenado no Sistema Cantareira voltou a cair ontem e o sistema operou com 6,5% de sua capacidade, 0,1 ponto percentual abaixo de domingo.
O volume de água armazenado no Sistema Cantareira voltou a cair ontem e o sistema operou com 6,5% de sua capacidade, 0,1 ponto percentual abaixo de domingo.
Desde 15 de maio, quando teve início a retirada do volume morto, foram consumidos 223,7 bilhões de litros, restando nos reservatórios apenas 63,8 bilhões de litros, que devem durar, segundo a previsão do governo do Estado, até o fim de março.
As chuvas neste início de janeiro têm ficado aquém do esperado: o valor acumulado é de 49,2mm, o que representa 47% do volume esperado para os primeiros 12 dias do ano, caso estivesse chovendo a média histórica do mês, de 271,1mm (8,7 mm por dia).
Esta é a sétima vez neste ano que o Cantareira registra queda no volume armazenado de água. No dia 1°, o reservatório estava com 7,2% — número que já considera duas cotas do volume morto, uma de 182,5 bilhões de litros, adicionada em maio, e outra de 105 bilhões de litros, em outubro.
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