quinta-feira, 28 de setembro de 2017

ENCONTRADA NOVA ESPÉCIE DE ÁRVORE NA SERRA DA MANTIQUEIRA

        Encontrada nova espécie de árvore na Serra da Mantiqueira


Pesquisadores do Instituto Florestal localizam a Ocotea mantiqueirae

Texto: Cris CoutoFotos e ilustrações: Instituto Florestal/Divulgação
Em uma região de difícil acesso, no município de Pindamonhangaba, na Serra da Mantiqueira, foi descoberta uma nova espécie de árvore. Trata-se da Ocotea mantiqueirae, integrante da família das Lauraceae, popularmente conhecida como “canelas”.
O feito foi realizado por pesquisadores do Instituto Florestal, órgão da Secretaria Estadual do Meio Ambiente (SMA). João Batista Baitello, Frederico Arzolla e Francisco Vilela iniciaram o processo de pesquisa em 2005, que culminou com a descoberta.
Na verdade, foi Frederico Arzolla que começou o trabalho, durante o seu doutorado. Em pesquisa de campo, feita na Fazenda de São Sebastião do Rio Grande, na cidade de Pindamonhangaba, ele teve contato pela primeira vez com a nova espécie. Na época, fez a coleta da então desconhecida Ocotea mantiqueirae, que estava com frutos e retornou ao IF, onde apresentou o material para um especialista, o pesquisador João Batista Baitello.
Para ter certeza do feito seria necessário coletar o material botânico completo, ramos com flores e frutos. Então, em 2012, Arzolla, Baitello e Francisco Vilela resolveram retornar ao local da primeira coleta.
Depois de inúmeras aventuras, inclusive a de pegar uma trilha errada, os três pesquisadores encontraram o exemplar e conseguiram colher ramos floridos. Foram inúmeras viagens, pois foi necessário coletar galhos de árvores diferentes, pois cada indivíduo produz flores de sexos diferentes.
Os pesquisadores salientam a importância do trabalho do taxonomista, profissional que define os grupos de organismos biológicos, com base em características comuns e os nomeia no processo de reconhecimento de uma espécie. O achado de uma espécie é uma mistura da sorte, de percepção do taxonomista e de persistência dos pesquisadores.
As florestas alto-montanas, onde o exemplar foi encontrado, é um ambiente pouco investigado. Por outro lado a área representa um potencial de descoberta de outras espécies. O papel dos botânicos nos levantamentos para o reconhecimento da florística de uma área é primordial. “Na SMA, esse conhecimento é fundamental, para efeito de informações básicas ou como requisito para planos de manejos de unidades de conservação”, explica Baitello.
Uma esperança, dividida entre os três pesquisadores, e que a espécie seja descoberta em outras regiões. “Não localizamos outros exemplares, embora tenhamos feito buscas nos herbários do Rio de Janeiro, que possuem coletas da Serra da Mantiqueira, e de São Paulo”, pondera Baitello.
O encontro de uma nova espécie deixa claro que os botânicos possuem extenso trabalho pela frente. Descobertas de ervas e arbustos revelam que a flora necessita ser pesquisada, para seu integral conhecimento. “Ainda estamos longe desse objetivo, apesar da botânica do estado de São Paulo ter evoluído muito nos últimos 10 anos. Tenho esperança, que com muito trabalho e dedicação chegaremos lá”, conclui Baitello.
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