quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

COMO CLASSIFICAR OS PERCURSO DE CAMINHADA-NBR 15505-5

Como classificar os percursos de caminhada - NBR 15505-2

Trecho em declive na Travessia
Petrópolis-Teresópolis
Ao escolher um destino para caminhadas, é usual ter informações que descrevam as características dos percursos em termos de esforço exigido, sem muita precisão. Termos diversos como "Esforço Moderado", "Exigente", "Leve", etc. são utilizados por praticantes e operadoras, mas quando os critérios não são uniformes, qualquer classificação fica prejudicada.

Para evitar isso, a ABNT publicou em fevereiro de 2008, a normaNBR 15505-2 (Turismo com atividades de caminhada. Parte 2: Classificação de percursos). Esta norma se aplica a caminhadas oferecidas como produto turístico (isto é, destinadas a um cliente comum: pessoa adulta, não-esportista e com bagagem leve).
Utilizar esta norma traz vários benefícios:
- Facilita o acesso às informações pelos clientes de maneira sistemática,
- Possibilita um melhor planejamento pelos praticantes e pelas operadoras
- Permite uma concepção mais organizada do produto turístico, facilitando a oferta e comercialização
- Traz informações mais consistentes para estabelecer mecanismos de seguro para a atividade,
- Permite a análise de incidentes de modo mais preciso.

Quais são os critérios de classificação?

A NBR 15505-2 utiliza quatro critérios, cada um recebendo uma nota de 1 a 5, que devem ser avaliados para cada trecho do percurso:

a) Severidade do meio: refere-se aos perigos e outras dificuldades decorrentes do meio natural, que podem ser encontrados ao longo do percurso. A norma lista 20 ocorrências que, se estiverem presentes no percurso, devem ser contabilizadas cumulativamente. Exemplos:

Travessia dos Lençóis 
Maranhenses
- exposição a desprendimentos de pedras provocados pelo próprio grupo ou outro durante o percurso
- alta probabilidade de exposição a ventos fortes ou frios
- tempo de realização da atividade igual ou superior a 3 h de marcha sem passar por um lugar habitado, um telefone de socorro (ou sinal de celular ou radiocomunicador) ou uma estrada aberta com fluxo de veículos

Se o trecho tiver até 3 ocorrências, recebe a nota 1 (Pouco severo). Se tiver pelo menos 13 é considerado muito severo (nota 5)

b) Orientação no percurso: refere-se ao grau de dificuldade para orientação, como presença de sinalização,trilhas bem marcadas, presença de pontos de referência, entre outros, para completar o percurso;

Caminho de Santiago:
Boa sinalização = Nota 1
A Norma considera a situação mais confortável (nota 1) como "Caminhos principais bem delimitados ou sinalizados, com cruzamentos claros com indicação explícita ou implícita. Manter-se sobre o caminho não exige esforço de identificação do traçado. Eventualmente, pode ser necessário acompanhar uma linha marcada por um acidente geográfico inconfundível (por exemplo, uma praia ou uma margem de um lago)"

A pior situação (nota 5) ocorre quando: "O itinerário depende da compreensão do terreno e do traçado de rotas, além de exigir capacidade de navegação para completar o percurso. Os rumos do itinerário podem ser interrompidos inesperadamente por obstáculos que necessitem ser contornados"

c) Condições do terreno: refere-se aos aspectos encontrados no percurso em relação ao piso e às condições para percorrê-lo, como tipos de pisos, trechos com obstáculos, trechos com pedras soltas, entre outros;

Trecho na Travessia do
Vale do Pati. Nota 3 para
condições do Terreno
Se você vai caminhar em estradas e pistas para veículos, caminhos com degraus com piso plano e regular ou praias (de areia ou de cascalho) com piso nivelado e firme, então o trecho será classificado como nota 1. Porém, se há trechos que exigem técnicas de escalada do grau II até III Sup. (graduação UIAA para escalada ou progressão vertical) e exige a utilização de equipamentos e técnicas específicas (como é o caso da trilha do Costão do Pão-de-Açúcar, por exemplo), a nota atribuída será 5.

d) Intensidade de esforço físico: refere-se à quantidade de esforço físico requerido para cumprir o percurso, levando em conta extensão e desníveis (subidas e descidas).

Neste caso, a classificação é dada pelo tempo gasto, considerando as distâncias e as velocidades médias:

- piso fácil (por exemplo, estradas e pistas): 4 km/h;
- piso moderado (por exemplo, trilhas, caminhos lisos e prados): 3 km/h;
- piso difícil (por exemplo, caminhos ruins, pedregosos e leitos de rios): 2 km/h.

Com acréscimos para Subida (aclive) - 200 m/h e Descida (declive) - 300 m/h

Um percurso com pouco esforço (nota 1) é aquele cuja soma de tempos previstos seja inferior a 1h e percursos considerados de "esforço extraordinário" são aqueles com mais de 10h (nota 5)

A NBR 15505-2 traz exemplos de cálculos e, claro, como as regras para atribuir as notas intermediárias (2, 3 e 4) que não mencionamos aqui. Também sugere um modelo de formulário para comunicação da classificação, que inclui os seguintes símbolos:
 
Severidade do meioOrientaçãoCondições do terrenoIntensidade de esforço físico

Lembro que as normas técnicas de Turismo de Aventura estão disponíveis gratuitamente para consulta e impressão no site www.abntnet.com.br/mtur

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