domingo, 11 de agosto de 2013

A DIFÍCIL VIDA DOS RIBEIRINHOS DO PARAÍBA DO SUL

A difícil vida dos ribeirinhos

Ribeirinhas em S. José. Foto: Cláudio Vieira
Ribeirinhas em S. José. Foto: Cláudio Vieira
Eles transformaram o Paraíba em uma extensão de suas casas; muitos vivem sem luz ou água tratada, mas aprenderam a tirar do rio e da natureza tudo o que precisam para viver longe das áreas urbanas
Xandu Alves
São José dos Campos

A vida na ribeira é para quem tem coragem.
Eles vivem na periferia, com pouco dinheiro e quase sempre em sub-moradias, enfrentando cheias durante o verão e frio no inverno. Essa é a rotina de quem vive às margens dos rios.
Mas não só problemas têm os ribeirinhos. A distância dos congestionamentos e da poluição da zona urbana traz tranquilidade. Eles ainda aproveitam os benefícios do rio, como a pescaria.
Nos fundos da zona leste de São José, no distrito de Eugênio de Melo, Rita Henrique, 30 anos, e suas quatro irmãs lavam roupa na maior máquina do mundo.
Na beira do rio Paraíba, num braço das águas barrentas que “entra” no quintal da família Henrique, as mulheres lavam suas roupas e louças todos os dias.
Tablados de madeira colocados na parte rasa do rio ajudam na limpeza do material. Mas tem que ter braço para deixar tudo perfeito.
“Estamos acostumadas com essa vida dura”, diz Vanessa Henrique, 24 anos.
Todas as cinco filhas do pescador José Ramos, 67 anos, cresceram convivendo bem de perto com o rio Paraíba.
Elas apreenderam a nadar com o pai e a lavar roupas com a mãe. O rio, para elas, é uma extensão natural de casa.
Ramos não pesca mais. Deixa a atividade para os mais novos, como os netos. Mas não largou a vida do rio. Ele fabrica redes para pesca, de onde tira, junto com a aposentadoria, a sua renda mensal.
“Aprendi com o meu pai a ler o rio. O silêncio dele, o barulho da correnteza. Tudo fala alguma coisa”, conta Ramos, que vive sem água encanada, telefone e energia elétrica.

Renda. Na zona oeste de São José, atravessando o bairro de Urbanova, chega-se a uma pequena vila de pescadores, batizada de Beira Rio.
As casas simples contrastam com as residências suntuosas dos condomínios fechados de Urbanova.
As 35 famílias que moram nas margens do rio Paraíba, na comunidade Beira Rio, ainda vivem basicamente da pesca e de atividades relacionadas a ela, como confecção de barcos, varas e redes.
“Sustento minha família com os peixes do Paraíba. O rio já foi melhor, mas quando encontro um peixe bom vendo no mercado”, disse o pescador Alexandre Mendes, 36 anos.

Mata. As águas cor de barro do rio Paraíba precisam de verde, explica o ambientalista da ONG Consciência Ecológica, Lincoln Delgado. “A falta da mata ciliar e a ocupação das margens do Paraíba são as principais agressões existentes contra o rio, que é essencial para a região.”

S. José recupera 230 mil m² de mata ciliar

São José dos Campos


De árvore em árvore, as várzeas dos rios e ribeirões de São José dos Campos vão ganhando mais verde.
Programa de recuperação das nascentes, comandando pela Secretaria de Meio Ambiente da cidade, plantou 45 mil mudas de árvores nativas, devolvendo à população cerca 230 mil m² de mata ciliar.
Foram contempladas 19 nascentes degradadas da margem direita do rio Paraíba e, em uma segunda etapa, estendido para as nascentes da margem esquerda, atingindo 33 que estão em processo de recuperação.
“São José está fazendo o dever de casa, trabalhando para proteção e recuperação de áreas florestadas que abrigam nossos mananciais e revitalizando as nascentes que contribuem para formação do rio”, disse Andréa Francomano Bevilacqua, secretária de Meio Ambiente de São José.
Um dos pontos que merece atenção, segundo ela, é o da educação ambiental. Ou seja, mudar a mentalidade de que se pode jogar livremente lixo nas ruas e nos rios.
“É um problema cultural de se compreender que a disposição do lixo deve ser realizada com responsabilidade, nos locais adequados”, afirmou Andréa. “A campanha educativa é uma constante”.
SAIBA MAIS
São José
Maior cidade da bacia do rio Paraíba, São José é cortada transversalmente pelo rio, que passa por nove bairros

Margem direita

Cortam o Paraíba em São José, pela margem direita, as bacias do rio Comprido e dos córregos Ressaca, Senhorinha, Vidoca, Lavapés, Cambuí, Alambari, Pararangaba e Divisa

Margem esquerda
Do lado esquerdo do rio Paraíba, estão as bacias do rios Jaguari e Buquira

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